A consciência é a sua consciência de si mesmo e do mundo à sua volta. Esta consciência é subjetiva e única para nós, diz Andrew Budson, professor de neurologia e investigador da Escola de Medicina Chobanian & Avedisian da Universidade de Boston. Dizemos nós que, nesta parte, não é muito diferente do que António Damásio tem evidenciado há muitos anos, nas suas pesquisas.
Mas voltando ao professor Budson, este desenvolveu uma nova teoria da consciência, explicando por que ela se desenvolveu, para que serve e o que a afeta, nomeadamente porque é tão difícil fazermos escolhas certas, em coisas como uma dieta por exemplo.
Em poucas palavras, a teoria é que a consciência se desenvolveu como um sistema de memória que é usado pelo nosso cérebro de forma inconsciente, para nos ajudar a imaginar o futuro de forma flexível e criativa e planear em conformidade, explicou o autor.
“O que é completamente novo nessa teoria é que ela sugere que não percebemos o mundo, não tomamos decisões ou realizamos ações diretamente. Em vez disso, fazemos todas essas coisas inconscientemente e então – cerca de meio segundo depois – recordamos conscientemente que as fizemos.”
Budson explicou que desenvolveu essa teoria em conjunto com o filósofo Kenneth Richman PhD, do Massachusetts College of Pharmacy and Health Sciences e a psicóloga Elizabeth Kensinger, PhD do Boston College, para explicar uma série de fenómenos que não podiam ser facilmente entendidos com as teorias anteriores da consciência.
“Sabíamos que os processos conscientes eram simplesmente muito lentos para se envolverem ativamente em música, desportos e outras atividades, onde são necessários reflexos de ínfimas frações de segundo. Mas, se a consciência não estivesse envolvida em tais processos, seria necessária uma explicação melhor do que as que temos”.
Segundo os autores, esta teoria é importante porque explica que todas as nossas decisões e ações são realmente feitas inconscientemente, embora nos iludamos acreditando que as fizemos conscientemente.
Assim, podemos dizer a nós próprios que vamos comer apenas uma colher de gelado, mas no passo seguinte apercebemo-nos que a embalagem ficou vazia. Isto porque a nossa mente consciente não está a controlar as nossas ações.
“Mesmo os nossos pensamentos não estão normalmente sob o nosso controlo consciente. Essa falta é o motivo pelo qual podemos ter dificuldade em parar um fluxo de pensamentos que nos passam pela cabeça enquanto tentamos dormir e também porque a atenção plena é difícil”, acrescenta Budson.
Com uma exploração mais profunda, este trabalho pode permitir que pacientes melhorem comportamentos problemáticos, como comer demais ou ajudar-nos a entender a forma como as estruturas cerebrais apoiam a memória ou até fornecer pistas sobre questões filosóficas ligadas ao livre arbítrio e à responsabilidade moral.
Crédito foto: Olhar digital